Ultimamente, não só os livros de direito eleitoral, mas também a maioria dos livros de direito vem se preocupando mais em dizer o posicionamento dos tribunais superiores do que elaborar debates teóricos. A razão é a crescente maratona de concursos, a qual demanda um acervo de livros com conteúdo voltado para o que a banca examinadora exige: jurisprudência. Existe um interesse econômico por traz do interesse em escrever livros para concursos, fazendo com que os autores deixem o debate de lado, já que a crítica, o posicionamento do autor, ou mesmo sua discordância com aquele entendimento jurisprudencial pode distrair a atenção do candidato.
Permitam-me um exemplo prático. Fredier Didier já foi concurseiro. No entanto, abraçou as teses de Calmon de Passos e passou a escrever o que pensava, bem como a criticar outros posicionamentos, sempre, inolvide-se, destacando a posição dos tribunais. Outro dia, no Correio Web, havia um comentário num daqueles fóruns de concurseiros, onde se criticava o livro do Didier, pois seu posicionamento havia sido divergente do da banca examinadora. Na verdade, Didier criticava tal posicionamento, levantando fortes argumentos a favor de sua tese. Cabia ao candidato escolher e, na hora do exame, saber qual a tendência; não diminuir a obra do advogado baiano.
Talvez esse seja uns dos motivos da precariedade dos debates e estudos científicos sobre temas eleitorais.